Itaguara, cidade metropolitana a 90km de Belo Horizonte, terá mais um atrativo, além de suas belas cachoeiras e trilhas para esportes radicais. No dia 13 de abril, será inaugurado o Museu Sagarana, que contará a história da cidade, além de homenagear o escritor João Guimarães Rosa, que viveu na cidade de 1930 a 1932. Foi lá que ele enxergou outro mundo além da medicina, conforme testemunho de sua filha a também escritora itaguarense Vilma Guimarães Rosa.
Várias personalidades que contribuem para o desenvolvimento de Itaguara também estarão presentes na inauguração oficial do museu e receberão do prefeito Alisson Diego Batista Moraes a Comenda Sagarana. Entre as presenças ilustres confirmadas estão Vilma Guimarães Rosa, ex-ministro Patrus Ananias, o compositor Celso Adolfo, além de deputados federais e estaduais. No dia 14, a visitação será aberta ao público.
O Museu Sagarana – nome que faz referência a um dos principais livros de Guimarães Rosa – começou a ser idealizado em 2009 pelo prefeito de Itaguara, Alisson Diego Batista Moraes. O espaço, onde funcionará o museu, foi construído na Praça Antônio Ferreira de Moraes, conhecida como Praça de Convivência. Após três anos de investimentos, a obra está concluída e é motivo de orgulho. 'O museu vai ter um impacto cultural não só para o estado, como também para o Brasil. Vamos reunir aqui um importante acervo ‘roseano’ do país', comenta o prefeito.
Parte do acervo foi cedida por Vilma Guimarães Rosa. Ela conta que, até então, não havia doado os objetos pessoais nem mesmo para o museu de Cordisburgo, cidade natal do escritor. Entre as peças doadas estão o último par de óculos, o último relógio de pulso, uma gravata borboleta e livros raros do autor. 'Itaguara teve uma importância fundamental para meu pai. Essas doações são relembramentos que proporcionaremos aos visitantes', diz a escritora.
O prefeito de Itaguara explica que o desafio é fazer com que a população da cidade conheça quem foi João Guimarães Rosa. Para aproximá-lo do povo, o museu terá um calendário cultural vivo, com exposições itinerantes. 'Precisamos extrapolar os limites físicos para que o Museu Sagarana seja mais do que um espaço de visitação. Sonho com o MUSA como uma referência viva da cultura de Minas, fazendo intercâmbio com Cordisburgo e com as universidades. Assim, incentivaremos o turismo literário e de qualidade.'
O local terá um grande diferencial em relação a outros museus e salas em homenagem ao escritor. O curador Marcelo Costa enfatiza que o MUSA abordará, além da literatura e de fatos significativos da vida do autor, a fase Dr. Rosa, como era conhecido em Itaguara. 'Fala-se muito pouco da época em que João Guimarães Rosa exercia a medicina. Muitos esquecem e outros não notam o médico dentro de sua literatura caleidoscópica', comenta o curador.
Costa acrescenta que o Museu Sagarana será um espaço para reflexão, numa época em que as pessoas leem cada vez menos. 'Itaguara foi muito significativa na obra de Guimarães Rosa. Devemos nos orgulhar de ver nossas ruas e antigos habitantes nas páginas dos livros de um dos maiores escritores do mundo. O itaguarense precisa prestar mais atenção naquilo que o cerca, ver as potencialidades da cidade, valorizar as manifestações artísticas e entender que cultura não é apenas entretenimento, mas também uma atividade intelectual', conclui.
O Museu Sagarana terá cinco galerias. Duas delas acondicionarão os registros da passagem de Guimarães Rosa pela região. As demais áreas serão dedicadas a contar a história da cidade e a expor telas de importantes artistas plásticos itaguarenses.
A Itaguara de Guimarães Rosa
'Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito para gente deitar no chão e se acabar!…' Essas palavras foram proferidas por João Guimarães Rosa sobre Itaguara, cidade que ele escolheu para morar de 1930 a 1932. O escritor mudou-se para lá logo após formar-se em Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais. A vocação para médico, no entanto, não foi mais forte do que o amor pela literatura, e ele acabou deixando a profissão.
Vilma Guimarães Rosa conta que Itaguara foi muito importante para ela e para seu pai. Inspirado pela terra, pelos costumes e pelas pessoas, ele começou a escrever e a participar dos concursos da revista O Cruzeiro. 'Itaguara foi o local em que meu pai iniciou a carreira como médico e onde também sua vocação literária foi mais cultivada', comenta.
João Guimarães Rosa deixou Itaguara para virar diplomata e realizar o sonho de conhecer o mundo. Mesmo tendo vivido em muitos lugares, Vilma revela que, por várias vezes, ele sentia saudades da pequena cidade do interior de Minas. 'Meu pai achava que teria tido mais tempo e paz se tivesse continuado em Itaguara. Dizia ele: ‘Se tivesse permanecido em Itaguara, teria construído uma fazenda com muros altos para ficar quietinho, escrevendo em paz’'.
Com informações da Assessoria de Imprensa.
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