jeudi 10 janvier 2013

Regino Pedroso se compõe de vários regino-pedrosos











Regino Pedroso


Por Nicolás Guillén*

Regino Pedroso se compõe de vários regino-pedrosos, cada um independente do outro. Ou seja, formam diversas camadas (pelo menos três) superpostas sem ligamento ou soldaduras entre si.
Primeiro Regino Pedroso: o dos poemas pós-modernistas. Vassoura, camelos, minaretes. Regino artificial e cheio de artefatos.
Segundo Regino Pedroso. É o primeiro e mais importante. “El de Nosotros”, livro que abre caminho para a poesia social, ou para a poesia social cubana. As tentativas iniciais desse tipo de poesia – Pichardo, Tejera? – ficam opacas e distantes, porém, das estrofes metálicas destes poemas. Dão as notas inusitadas, novas. Até então (em Cuba) não havia Mayakovski, somente tradução. Um Mayakovski que sendo no ritmo original, no avant toute chouse (antes de todas as coisas), porém sem haver la chose (a coisa), havia perdido – haviam tirado – ao passar para o espanhol pelos canais de tradutores, aos quais para imitar aquela prosa posta em linhas curtas (ou longas, é tudo o mesmo) bastava apenas enche-las de punhos erguidos, parafusos, porcas, foices e slogans para fingir um aspecto social inexistente.

Regino Pedroso varreu tudo isso. Sua poesia proletária é poética, forte e quase sempre grandiosa. A forma é rítmica – embora os versos sejam livres quanto à rima -, e cada poema está trabalhado não como faria o ourives em sua oficina, mas sim a golpes de martelo sobre a bigorna, dando ao ferro ainda vermelho ou branco a forja que o artista concebeu, e nenhuma outra.

Terceiro Regino Pedroso: o chinês. Não é um chinês de chinerías, externo; não é um chinês que viveu na Califórnia, um chinês de chopsuei e sopas de ninhos (em lata) de andorinhas ou nadadeiras (em lata) de tubarão. Trata-se de um chinês profundo, mais ainda, insondável. Um chinês filósofo que vê o que o rodeia com sua paciência e seu leque (negro talvez) e acolhe cada sucesso com um marginal sorriso, filho de uma experiência que vem desde a disnatia Ming, tão amada pelo poeta.
Estes três Reginos Pedrosos fazem um só Regino Pedroso verdadeiro, um dos poetas mais sérios, sólidos – sós – da poética americana.

Aqui é visto como um grande rio largo e lento cujas águas passam por Ásia e África antes de chegar à Cuba.












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