jeudi 23 juin 2011

O DESAFIO DE LAMPIÃO E SATANÁS

Letra, melodia e interpretação vocal : JOSÉ VIEIRA (SEU ZÉ PEDRO)

Era um cabra lampião
Por nome pilão deitado
Que morreu numa trincheira
Num certo tempo passado
Agora pelo sertão
Anda correndo a visão
Fazendo mal-assombrado









foi quem trouxe a notícia

Que viu lampião chegar

O inferno nesse dia

Faltou pouco pra virar

Acendiou-se o mercado

Morreu tentação queimado

Que até faz pena contar



E morreu pai de candinho

Neto de forrobodó

Cem neto de parafuso

Um cão chamado cotó

E morreu cem nego véio

Que não trabalhava mais

Um cão chamado goteiro

Cunhado do satanás



Palavras não eram ditas

Quando lampião bateu

Um moleque ainda moço

No portão apareceu

- quem é você, cavaleiro?

- menino, eu sou cangaceiro

Lampião arrespondeu


você aqui não entra

Sem dizer quem é primeiro

- menino abre o portãosaiba que eu sou lampião

A sombra do mundo inteiro


- fique fora que eu entro

Eu desejo é conversar

Com o gabinete do centro

- no centroele não te quer

Mas conforme o que disser

Vou levar você pra dentro


Lampião arrespondeu:

-vá depressa e volte logo

Eu quero pouca demora

Se não me der um ingresso

Eu viro tudo às avessa

Toco fogo e vou me embora


- ah! Vigia lá, patrão!

Aqui chegou lampião

Dizendo que quer entrar

E ouvi ele preguntá

Se eu dou ingresso ou não


Satanás arrespondeu:

- vá dizer que vai embora

Já me chega gente ruim

Já ando muito caipora

Eu já estou com bem vontade

De botar mais da metade

Dos que estão aqui pra fora


- lampião é um bandido

Ladrão da honestidade

Eu não tou pra percurá

Sarna para me coçar

Sem haver necessidade





-Ah! Vigia lá, patrão!

A coisa vai se arruinar

Eu sei que ele se dana


Quando não deixa ele entrar

Satanás disse:

- é nada E convide a negada

Vá na loja de ferragem

E tira o que precisar

- e é bom ir avisar

Lá na casa de bazé

Que manda chamar fuxico

Na casa de lucifér


Quando lampião deu fé

Da tropa preta danada

O chefe de batalhão

Gritou de arma na mão

- já taca fogo, negada!

Quando a pipoca comia

Nego rolava no chão

Era faca, pau e pedra

Era o que a mão pegava

Sacudia em lampião


Lampião pulava tanto'ai

Que parecia macaco

Tinha nego nesse meio

Que durante o tiroteio

Brigou tomano tabaco







Lampião pôde pegar

Numa caveira de boi

Sacudiu na testa de um

Ele só fez disse oi

E caiu abrindo os braço

E saiu enchendo as carça

Mas ninguém sabe o que foi


Quando satanás deu fé

Que a tropa tava acabando

Gritou: - correrei meus nego

Que tiverem aí brigando

Lampião foi espiando

Sem achar com quem brigar

E também foi se arretirando...


Houve grande prejuízo

No inferno nesse dia

Se queimou livro de ponto

Se perdeu vinte mil conto

Só ante mercadoria


Satanás então falou:

- da cinza que sai a pisa

Se não houver bom inverno

Nós agora no inferno

Ninguém faz mais uma camisa


Ficou grande nessa vida

A história do lampião

Ninguém sabe pr´onde foi

Ninguém tem mais decisão

No inferno não ficou

No céu também não chegou

Decerto tá no sertão





Memorial da Resistência. Mossoro-Rio Grande do Norte.

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