Cora, nascida Ana; Niniu, nascida Odete.
Os versos de Cora Coralina são simples como é simples a vida da grande maioria dos brasileiros.
O que encanta em seus poemas é perceber nessa feitura de avó a força desse Brasil interior, e não há como ler Cora sem pensar na Avó, nas Avós, na Minha Avó. É que nelas os fazeres discretos do servir davam sentido à existência, numa alegria de viver que se convertia em dádivas de versos, doces e acolhimento. Cora, nascida Ana; Niniu, nascida Odete. Se Cora bordava poesia, Niniu poemava bordados, numa trama de versos coloridos em que crochês, tricôs, fuxicos e rendas se convertiam em colchas, toalhas, roupas de bebê, bolsas e blusas, numa construção contínua de histórias sem fim.
É que a vida é uma história sem fim.
Cora é de Goiás, do interior do Brasil, e como flor do campo, seu pólen-poema se espalhou pelos ventos da literatura a nos contar a vida desse Brasil sem mar, sem esplendor e sem luxo, que é uma parte da vida de todos nós, que é a vida das mãos fazedoras de nossas avós, da minha avó.
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